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Mostrando postagens de 2018

SUGAR.

à e. De tuas mãos escorre o silêncio do teu sono que aos poucos me faz companhia neste domingo. Vejo tuas letras escritas no papel e teu rosto em imagem na memória me aparece. Tua voz em lacunas em minha imaginação.  Teu cheiro eu procuro na xícara do café. Tento então tolamente recriar teu nome, que aos poucos vai me surgindo nas paredes na memória. Tento recriar teu rosto que me surgiu nublado no sonho da noite passada, enquanto leio tuas letras que me vieram suspensas com gosto de lágrimas, neste papel tão branco. 25/08/2008 21:59

DIRTY DREAM #5

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Saio de casa e vejo que a tarde não está ensolarada. Caminho por ruas desconhecidas, calmas, praticamente vazias de gente. No centro, encontro com um grupo de pessoas que estão paradas em uma praça. Não sei pelo que esperam. Me junto a eles, ando pelo grupo, converso com algumas pessoas. Vejo Sharon em um canto. Usa um vestido longo e preto de mangas longas. Carrega um violão nas costas. Acendo um cigarro e fumo contemplando a tarde sem sol, sem calor. Alguns torcedores de um time surgem, vão passando pelo grupo. Alguns gritam ao ar, outros jogam garrafas e latas nos cantos da rua. Permanecemos conversando e fumando enquanto o grupo de torcedores usando camisas vermelhas e brancas vão passando. Então um rapaz fala que seria interessante ir até um casarão abandonado que fica próximo de onde estamos. Começamos a andar pela pista, onde não passam carros. Vamos caminhando e conversando. Escuto Sharon começar a tocar ao violão, Tarifa. Chegamos ao casarão abandonado. Entramos. As pa

THE GOLD FIRE SESSIONS.

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Uma galera que eu gosto na música tá se preparando pra lançar trabalho novo. Tô só por aqui sacando as coisas e esperando. E a notícia boa nesse fim de semana foi, " I Don´t Want: The Gold Fire Sessions ", novo trabalho da Santigold , cantora muito querida por este aqui que escreve. Já acompanho o trabalho dela faz um tempo, e é claro, que a cada lançamento, fico sempre na espera do que irá ser lançado nos próximos anos. E assim estava sendo, até este fim de semana, onde de surpresa, a cantora disponibilizou na faixa, tanto no Spotify , quando no youtube , seu novo trampo. Como ela mesma descreve no tube, " I Don't Want: The Gold Fire Sessions " é um projeto que desenvolveu com o DJ e produtor Dre Skull . Gravado de maneira espontânea em um pouco mais de uma semana. O trabalho flerta entre o reggae, dancehall e música afro caribenha. Passei o fim de semana já ouvindo o som novo da garota. São 10 canções dançantes, repletas de colagens sonor

CORAÇÃO.

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-Lembra daquele carinha de cabelos lisos e pintados de loiro, que escreve? -Qual deles? Têm tantos assim nessa cidade. -Benjamim. Escritor. -Sei dele. Qual é? -Lançou um romance por um edital. -Ganhando um trocado. -Recebeu, e agora vai escrever um livro sobre literatura e cultura pop. -De lascar, heim! -É, a porra do trabalho dos sonhos. -Que terror daquele cara escrevendo sobre literatura. -Que terror daquele cara e dos contos dele. -São terríveis. Mas foram publicados! -E tu já leu os poemas? -Piores. -Uma merda. Não acredito que tipos como esses são os futuros gênios da literatura na cidade. -Não acredito que esses são a galera que tão escrevendo e pulicando e querendo de alguma forma acontecer! -E nem posso falar disso com outras pessoas, que logo dizem que sou invejoso. -É só o que falam hoje. Já notou que hoje em dia o cara tem que gostar de todo mundo, se você fala que não gosta de alguém, do que ele produz

S.

Poucos realmente são aqueles que sabem o que é estar perdidos em alto mar, e sentir que não se é capaz de ser o capitão do próprio navio. 29/07/08 23:50

DIZEM QUE FOI UM SALVADOR

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O cara apareceu em pleno 2018 falando que era um salvador. Falava que havia vindo de outro mundo, outra dimensão mais evoluída e trazia respostas, trazia uma nova forma de viver para quem quisesse. Acho que ninguém quis ser salvo nem muito menos fez pergunta a ele no início. Ficava perambulando pelas ruas e falando alto, sozinho, filosofando. Quem tava sentado em banco de praça e se sentia incomodado levantava e ia embora. Quase ninguém dava muito ouvido no início. Alguns paravam e assistiam a cena. Levaram tudo na boa enquanto era pouca gente, mas quando ele começou a ser seguido pelos mendigos de rua e gente pobre que trabalha muito mais nunca tem dinheiro, alguns resolveram que era melhor calar a boca do sujeito. Dizem que ele fez uns milagres por aí também. Salvou umas crianças doentes que tavam pra morrer, curou uns cegos, colocou pra ver, botou uns surdos para escutar. Foi então que decidiram que era hora de prender o cara.  Isso foi numa época muito estranha em que es

Voltavime.

“ E deu-se que um dia eu o matei, por merecimento. ” Torquato Neto E daí que um dia eu a esqueci por completo. Ou quis, Ou fingi esquecer. Eu sou um homem desesperado Caminhando à margem do rio de minhas memórias. 05/05/2008 21:50

COMO SE FOSSE A ÚLTIMA VEZ.

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Ela era meio cigana. Dizia que tinha nascido em uma tenda de circo, e que não ficava numa mesma cidade mais que três anos. Dava de pedir minha mão pra ler minha sorte nas linhas desenhadas na palma branca. Falava que parecia borracha a palma da minha mão. Nunca disse que eu seria um milionário. Falava que minha esposa morreria queimada em um acidente de carro. Eu dizia à ela que não sabia dirigir, nem muito menos pensava em me casar. Ela respondia que um dia sim. Nós nos amávamos como se cada foda fosse à última de nossas vidas. Era por isso que eu a amava. Era por isso e por muito mais que à amei durante um tempo de minha vida. Os 10 meses que passamos juntos e um tempo mais que levou para pensar que tinha esquecido. Mas nunca consegui por completo. Você só ama o que não pode mais tocar. Eu pensava. Nós andávamos pela praia à noite, dormíamos na areia agarrados e acordávamos com malucos tentando roubar nossas carteiras ou sapatos. Ou acordávamos com o sol quente do verão nos despe

LENTAMENTE.

“ eu tenho tantas mortes de perfil que por isso não morro, sou incapaz de fazê-lo ” Pablo neruda Eu não morrerei de uma vez só Estou morrendo do dia em que nasci, Em processo lento de morte Do dia em que fui posto neste mundo. Eu não morrerei de uma vez T enho sim uma agulha cravada no peito Q ue não faz sangrar normalmente M as onde é hemorragia contínua. N ão morrerei assim rápido, M orro diariamente C omo quem sorri C omo quem sente alguma alegria. Eu morro devagar, L ento, E ainda assim re nascendo diariamente. M orr erei como quem nasce D olorosamente. E vou espalhando meus pedaços P elos quatro cantos da cidade R uas e praças P ostes e barres E quem me vê andando Nada sabe da dor que falo. 25/02/2008 23:22

04/02/2018

Ontem, nesse mesmo horário, eu estava na casa do meu amigo. Sentados, tomando uma baldada, nós conversávamos sobre os rumos do mundo e da humanidade. Não era nada pretensioso, nós só estávamos tentando entender o que está acontecendo. E no nosso ponto de vista, o mundo vai mal. Mais já vai mal a muito tempo também. Só está piorando. Talvez nunca existiu um momento em nossas vidas em que existiu tanto medo social como está acontecendo agora. Gente cada vez com mais medo de gente. Uma das coisas que mais se falam hoje em dia é “Não confie em ninguém”. Um dos conselhos no momento é “Não saia de casa, se não for extremamente necessário”. Gente com medo de gente. Gente com medo de andar na rua e sofrer algum tipo de violência. Mas não foi sempre assim. 20 anos atrás, era natural ver pessoas sentadas em calçadas em muitos bairros da cidade até tarde da noite. 20 anos atrás era normal você andar em um bairro estranho, pedir água em alguma casa, e ser atendido. Hoje em dia, falávamos, isso nã

DIRTY DREAM #4

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Enquanto eu tirava a barba, no rádio Nico cantada These Days .

CONTINUANDO.

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A vida é um mistério curioso. A vida com todas as suas voltas e caminhos. O que me leva a lembrar que coisa de um pouco mais de um ano atrás, passava por um processo no qual eu julgava como falta de fé. Eu sabia que não era falta de fé, mas sim a falta da importância da fé pra mim. Eu só não queria mais. Tanto fazia. Mas não era isso, e eu sabia na época. O que eu ainda não sabia era que aquele processo era apenas eu me desligando inconsistentemente de quem eu era, para me tornar um outro, um outro que ainda viria, que ainda vem, mas que também já está aqui. Eu estava me desligando de algumas crenças que já não pareciam me vestir mais. E como sou uma pessoa dramática, precisava de um ato dramático também no momento. Então levei um ano para entender o que era aquilo. Algumas coisas ficam escondidas dentro da gente, para se mostrarem assim, repentinamente. E quase um ano depois, como um raio, como uma iluminação, eu entendi em como eu estava me transformando, e no que eu precisava me tr