TU ERES DIOS.


Fazia muito tempo que não entrava em uma igreja. Essa semana, nas 24 horas de sono, de descanso, por acaso me vi perto da igreja perto de minha casa e resolvi assistir a missa. Fazia muito tempo que eu não assistia uma missa, anos, nem lembro da última vez. E entrar na igreja agora, foi como quem entra pela primeira vez. Da missa, eu só lembrava que era um longo rito, que eu nunca entendi. Acho que por isso nunca gostei de assistir. Quando eu era criança, lembro de chorar quando minha mãe dizia que eu tinha que ir a igreja. Não era falta de fé, na época eu nem sabia o que isso era. Apenas aquela celebração era algo muito chata pra mim. Ontem, constatei que continua o mesmo. Dessa vez, talvez pelo dia da semana, senti a igreja como um ambiente muito deprimente. Os velhos, aquele homem pregado na parede, eternamente, aquela sensação de um passo pra morte. Uns 15 minutos de celebração me bateu uma sensação triste. O peito pesado, a depressão leve de todos os dias. E lá, sentando e levantando, rezando, orando. Constatei que ainda lembro de todas as orações, das rezas. Eu ainda oro. 

-Pra que? 
-Pra quem? 
-Pra nada. 

É só o costume. Como algo que você faz todos os dias. Vai que né, tem algo mesmo. Me olhando. De cima. Mas aquela sensação estranha dentro do peito, aquele rito estranho. Passou um tempo, fui ficando mais animado. A visão que o fim daquilo estava próximo é algo que pode dar certa alegria. A igreja continua praticamente a mesma de quando eu era menino. O rito, o mesmo. O homem pregado na parede vai estar lá pra sempre. E isso é uma pena, uma imagem triste de constatar. Mas eu não sou mais aquele menino que chorava porque tinha que ir a igreja. Hoje você só chora quando tem que entrar na senzala. Ver o público daquela noite, os velhos, aqueles que pensamos estarem mais próximos do fim e pensando que, e se com eles tudo aquilo for também. Aquela nova salvação. Pensar em um mundo sem fé pode ser tão desesperador quando libertador. Eu só quero pra mim isso, liberdade. Hoje, nos 30 do primeiro tempo, entender que não existe nada por, e para nós fora isso aqui, foi uma das melhores coisas que fiz pra mim. Não é que não acredite, pode ser que tenha algo que rege tudo, é que eu não quero mais acreditar em nada. É que não me interessa mais, não me importa. Depois daqui não tenha luz. Eu só quero escuridão. Eu só quero ser aquele rádio de pilha que vai se apagando aos poucos mesmo quando tiram da tomada. Depois só o silêncio. Viemos de uma junção de secreções, do desejo, nunca do pecado como querem falar. Não existe pecado. Existe certo, errado, tua cabeça e o bem do próximo, e nunca querer ferir o bem do próximo. É isso que existe. Quem me criou foi o homem. Homem é quem sou. Eu nasci pra ser meu próprio Deus.



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