MÚMIA NENÉM.
A
dinâmica do mundo é o terror. Somos nós, com o cérebro humano, que revestimos,
reduzimos o terror a uma contemplação palatável. Para assim tornar a vida e sua
abjeção intrínseca e assassina – possível. A crueldade é a colmeia onde
habitamos. E a substância de nossos pensamentos, ou seja, (as palavras) o mel
que a reveste – tudo ao inverso. Tudo está exposto. A crueldade do amor –
maquiada. O sexo de carnes e secreções (quase um esporro laboratorial) –
desejado. O nascimento – o grito do ar incendiando o corpo – porque é com
o grito humano que se celebra esta tragédia em direção ao aniquilamento.
Nascemos crucificados no mundo. Para os sábios a fórmula mágica de
sobrevivência é aparentemente simples, mas exige convicção e treino:
Mentiras
afirmativas.
Primeiro:
recusar a ideia do suicídio. Depois alimentar a indiferença a tudo e a todas as
coisas – como se existisse um plano, um destino imutável que nos comanda. Por
último; usar a imaginação tal qual um mantra que te convença diariamente de
tudo isso – a esta entrega ao inevitável. Ao alienígena devorador – o Tempo.
O mistério da sobrevivência não é a verdade. Não são
os fatos. É se enganar. Porque a dinâmica do mundo é o terror.
Eis um planeta onde a verdade nunca existiu.
Terra: Gárgula Azul – Jorge Cardoso
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Louco. É a palavra que vez ou outra leio em comentários de post
no blog do Jorge Cardoso. Quando leio
os textos dele pra alguém, geralmente é o que escuto também. “Esse cara é bem
louco, heim?” Não, não é dessa forma que vejo Jorge Cardoso. Na verdade o vejo
como um homem são. Vejo Jorge como um são no meio do caos, um home são no meio
de nós. Aí sim, loucos. Embora ele trabalhe muito com a loucura, e trabalhe bem
suas histórias com esse elemento, ele não é um louco. O vejo sim como um home
que traz uma verdade. E como isso não existe; a verdade. Ele traz a verdade
dele para nós.
A literatura de Jorge
Cardoso me chega como um homem que fez a passagem, encontrou outra esfera,
entregou-se ao desconhecido, e foi aceito por ele. A literatura de Cardoso, pra
mim é como de um possesso, um endemoniado. E eu gosto disso.
Com mais contos endemoniados chegou Jorge agora, com seu “Múmia Neném”, livro que foi lançado recentemente
pela Editora Bartlebee. O livro infelizmente
ainda não chegou às lojas dessa cidade que habito e só por isso ainda não o li,
mas está sendo vendido na loja da editora. Quem nunca leu Jorge
Cardoso, leia. Seus contos, sua linguagem rápida e certeira que trabalha com o
tutano da literatura é algo que deve ser lido. A forma que ele trabalha a
crueldade nossa humana, deve ser lida. Cardoso tem o poder de abrir nossos
olhos para muita coisa, deste plano, e do outro também, e isso é algo louvável.
No Blade Santa, ele tem postado alguns de seus contos e textos pessoas.
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