RELEMBRANDO OS INFERNOS DE BOLSO DE UM IMPOSTOR.

Em 1999 o escritor Ronaldo Bressane lançou seu primeiro livro; “Os Infernos Possíveis”, livro de contos que dava início a trilogia que o escritor intitulou como “A Outra Comédia”, fazendo uma referencia provocativa à Dante Alighieri e sua “Divina Comédia”.
Bressane deu continuação à trilogia em 2001, com “10 Presídios de Bolso”, e a fechou em 2003 com o provocador “Céu de Lúcifer”. Neste mesmo ano lançou também seu livro de poemas intitulado “O Impostor”.
Em 2008, Bressane resolveu disponibilizar na internet seus livros por meio dos blogs Os infernos Possíveis, 10 Presídios de Bolso, Céu de Lúcifer e O impostor. Dono de uma literatura ágil e por vezes criando referencias, influenciado por literatura fantástica e ficção científica, Bressane se tornou um de meus escritores para ler da leva de escritores dos anos 90 para cá, depois que li Céu de Lúcifer em 2005. Sua prosa é instigante, sua poesia idem e por vezes as duas andam de mãos dadas colando no pensamento de quem lê.
Bressane que escreve no blog Impostor, também tem os blogs de poesia “Command-z” e “Lua Vermelha”, e o livro de poemas ainda não publicado e solto na internet Lua Vermelha. Aos poucos está construindo seu primeiro romance de ficção científica no blog “Mnemomáquina”, uma estória que se passa em uma São Paulo futura chamada de “Cidade Olho”, em 2050. E também prepara sua primeira novela em hq.
Fica a dica para quem gosta de literatura feita por gente viva entrar nos blogs e conferir as obras de Bressane. Entre outras coisas que tento ler no momento, Os Infernos Possíveis está quase no fim, aos poucos vou tentar escrever sobre cada livro. Quem sabe eu consiga.
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Lembrei deste texto aí que tinha originalmente publicado em meu antigo blog quando terminei de reler o livro “Os Infernos Possíveis” do Impostor Ronaldo Bressane. Desta vez, reler o livro foi mais fácil que da primeira. Ao mesmo tempo, mais demorado. Comecei a relê-lo no dia 24 de março, e só o vim terminar dia 17 deste mês de junho.

Quando digo que foi mais fácil, é porque na primeira vez não gostei dos Infernos Possíveis de Bressane. Como ele mesmo disse certa vez em seu blog, existe certa imaturidade em seus contos iniciais publicados, coisa normal em qualquer escritor que inicia sua carreira. Desta vez foi mais fácil reler do que na primeira leitura onde li o livro mais rápido, mas mais rápido para que o livro pudesse terminar logo. Hoje, na releitura, contos que me chegaram inicialmente como incrivelmente ruins como “Bacanal”, “Invisível”, “Nervos”, “Sujeitinha” e “Weboi”, me pareceram até mais engraçadinhos. Até “Relato entre Machado e Faca”, que inicialmente me chegou como de mau gosto e até desrespeitoso, me chegou agora como razoável. Outro conto que inicialmente me chegou como totalmente fora de uma realidade, mesmo que fictícia, foi “Quadrilha”, que desta vez até me fez até rir com as situações estranhas e fora de tom que o escritor colocou os personagens.

Claro, ainda não me foi possível entender contos incrivelmente mal escritos e sem propósito como “Documentário”, “Labirintos”, ou “Conto”, que chega a ser hilário de certa maneira levando em conta o despropósito e enrolas são ficcional. Outro que foi à mesma linha é “X”, conto que quando chegou ao fim de sua sexta página lida, me perguntei qual seria o propósito de tudo aquilo escrito, ainda mais com diálogos chegando a quase constrangedores.

Se o propósito de um escritor for contar uma estória, Bressane tanto pecou pelos excessos, quanto conseguiu iluminar o leitor com contos incrivelmente bem construídos como “Fuga”, “Mistérios”, os medianos “Universidade” e “Aos Meus Olhos de Cão”, conto que abre o livro e que o escritor certa vez disse ter escrito em homenagem à Edgar Alan Poe, escritor em que ele dá o crédito (ou coloca a culpa) por ter se tornado um escritor anos depois de ter o lido.

Dos Infernos Possíveis de Bressane, 3 contos se mostram como os mais bem escritos e que chamam mais atenção; “Evangelho Segundo Zé Maria”, o maravilhoso “História em Cicatrizes” e a talvez história de quase todos os dias para muitos “Zero”, conto que talvez fosse errado dizer que resumiria o livro, mas que poderia quase intitular muito bem a obra. No blog os contos foram postados do fim para o começo. E agora que os infernos foram vencidos, tentarei dar continuidade aos 2 outros títulos.

Para quem assim como eu tiver falta de paciência de ler na tela do computador, mas tiver interesse em ler o livro que abre a trilogia “A Outra Comédia” de Bressane, e tiver confiança na opinião de outra pessoa, leia os 3 contos citados e mantenha o nome de Ronaldo Bressane como um bom prosador da geração nojenta, digo, noventa.

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