O MUNDO ESTRANHO DE UM HOMEM SÉRIO.

O professor de física Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg)começa a ver sua vida tumultuada de problemas depois de receber de sua esposa um pedido de divórcio. Na verdade não um pedido, mas um aviso de uma esposa calma e tranqüila dizendo que está tendo um caso com um conhecido e que quer o divorcio para poder se casar. Mais ou menos a partir disso o professor começa a se dar conta da vida que tem levado. Dá-se conta do filho distante que só se importa em fumar maconha entre uma aula chata e outra e assistir programas de televisão, e que só o procura para que ele ajeite a antena da televisão. Da filha que só pensa em lavar os cabelos para poder sair, e do parente doente que passa o dia inteiro dentro do banheiro drenando um cisto ou algo do tipo que tem no pescoço. O professor de física a partir dos acontecimentos ruins que se apresentam começa a se questionar sobre a própria vida, e busca respostas para suas perguntas dentro de salas de advogados rabinos – ou rabinos advogados, que não lhe dão resposta alguma, somente mais contas para pagar.
Um Homem Sério”, novo filme dos irmãos Joel e Ethan Coen talvez fale do pão frio de cada dia. Através de um roteiro que pode parecer à primeira vista um tanto solto, contam um espaço de tempo na vida de um homem. Um espaço de tempo de uma vida que segue, e de um homem que segue à risca seus preceitos, sua religião, seu trabalho e tem uma vida comum. Uma vida comum a qualquer um de nós. Uma vida que tantos medrosos têm medo de ter como se algo que seja comum signifique algo ruim, ou desprezível. O professor tem o mesmo acordar cedo, o mesmo ir para o trabalho desgastante, e a mesma volta para a família estranha de sempre, e as dezenas de contas para pagar todo santo dia.
Através de uma história que me sinto mal em resenhar tão mal, por que o filme não é só isso, os irmãos Coen vão bem mais à fundo contando a vida de um homem comum e suas percas diárias, em uma narrativa precisa e bem feita, em um longa que me chegou como o filme mais estranho da dupla que assisti até hoje. Nem “Barton Fink” com seus “Delírios de Hollywood” que pode ser descrito como filme de realismo bem fantástico me trouxeram tanto estranhamento enquanto assistia quanto à “Um Homem Sério”.
Talvez tenha sido a falta de violência que é, - ou pode se dizer que foi, tão comum aos filmes dos irmãos Coen, talvez tenha sido o andamento do filme onde não se consegue ver um início, nem um fim bem predeterminado, mas sim uma estória contada sobre uma estória que segue, sobre um espaço de tempo na vida de um homem comum, e sério. Talvez possa ser isso que me trouxe algum estranhamento, mas não saberia dizer. O fato, é que Ethan e Joel Coen ainda se seguram como dois nomes no cinema atual americano que realizam um cinema que vale a pena ser visto.

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